O Dictionnaire de Culture Générale Micro Robert o define como ‘écrivain français’, mas esta é apenas uma das facetas do gênio Boris Vian, engenheiro por formação. Ele não foi apenas escritor, o que já seria muito, tendo em conta a diversidade de sua produção escrita: romances, crônicas, roteiro de filmes, óperas, comédias musicais, esquetes, etc. Ele foi, a um só tempo, tradutor, compositor, trompetista, diretor artístico, crítico musical, ator, cantor. É bem verdade que Boris Vian tornou-se muito mais conhecido como escritor do que como cantor/compositor, mesmo na França. Apesar de já terem sido repertoriadas em torno de 700 canções suas, ela ainda é considerada um gênero menor dentro de sua vasta produção. Entretanto, para o próprio Boris Vian, a canção ocupava um lugar de extrema importância dentre as suas inúmeras atividades. Tanto que jamais se contentou somente com a inspiração, ele estudou a história da música, seus diferentes gêneros, suas técnicas de criação e de difusão e possuía uma visão completa do papel do compositor, do músico, do editor, do crítico, do produtor de rádio, do cantor.
É importante ressaltar que suas composições não têm nada da canção francesa a que nossos ouvidos estão habituados, ou seja, romântica e quase dramática, como ‘La vie en rose’, ‘Ne me quitte pas’etc[1] . Sua música é carregada de ironia, uma de suas canções mais conhecidas, ‘Le déserteur’, foi escrita em plena guerra da Argélia e teve repercussão tal que Boris Vian foi o primeiro a se surpreender com os efeitos causados por ela. A esse respeito ele diz: ‘Repreendem à minha canção ser antimilitarista. Eu não sei de nada, não acredito. Eu só sei uma coisa, que ela é violentamente pró-civil.’ Em outra de suas músicas, ‘Je suis snob’, Boris Vian critica os frequentadores da Saint-Germain-des-Prés, de um modo bem humorado e exagerado. E quem eram, na época, os frequentadores de Saint-Germain-des-Prés? Ninguém menos que o próprio Boris Vian, Jean-Paul Sartre, simone de Beauvoir e outros intelectuais não menos ilustres.
Sua vida não foi muito longa, nasceu em 1920 e morreu em 1959, é sabido que sua obra foi influenciada pela perspectiva da morte, ele sabia que morreria jovem devido a um problema cardíaco que já o incomodava aos dezoito anos. Casou-se com Michelle Léglise em 1941, depois da separação, Michelle se tornará amante de Jean-Paul Sartre e, desempenhará um papel importante na vida do filósofo até a sua morte em 1980. É a ela que ele confiará um bom número de seus manuscritos depois doados à Bibliothèque Nationale.
Em 1947, sob o pseudônimo de Vernon Sullivan, Boris Vian já era o autor famoso de ‘J’irai cracher sur vos tombes’, este romance, muito violento para a época, inaugurou um novo gênero na França, o ‘roman policier noir’ e trouxe-lhe fama e uma multa de 100.000 francos. O livro foi transformado em filme, mas ao que parece Boris Vian não gostou nada do resultado. L'Écume des Jours é considerada sua obra prima.
[1](esta de Jacques Brel, cantor e compositor belga)
Leila Terlinchamp
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Le déserteur
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