octobre 31, 2006

Bélgica um pequeno grande país


Por Lygia Rebello
Agência Estado

Preciosidades vão desde a história à gastronomia, além da proximidade com grandes centros europeus
Bélgica - A velha história de que tamanho não é documento se encaixa perfeitamente quando se fala na charmosa e pequena Bélgica. Com um território pouco maior que o Estado de Sergipe, o reino guarda preciosidades que vão da história à gastronomia. O que poderia ser seu maior defeito - proximidade com grandes centros turísticos da Europa, que fervem de visitantes o ano inteiro - é, na verdade, seu maior aliado. Ou, pelo menos, deveria ser.O problema é que pouca gente sabe disso. É só procurar no mapa para verificar que as distâncias entre a Bélgica e cidades como Paris, Amsterdã e até Londres são tão curtas que podem ser percorridas em poucas horas de trem, carro ou avião. Então, porque não incluir no roteiro pelo Velho Continente um pulinho na Bélgica? É possível que, ao chegar, o que era para ser uma breve passada se transformará numa surpreendente viagem.E não será por falta de conhecimento sobre sua cultura ou de identificação com seu povo que você desistirá da empreitada. As pessoas têm a falsa impressão de não saber nada de lá. Mas quem não sabe que sua capital, Bruxelas, é também a sede da União Européia? E dos chocolates Godiva, quem nunca ouviu falar, ou melhor, quem nunca quis provar?Ainda na gastronomia, os bons de caneco logo lembrarão que a Bélgica é famosíssima por suas cervejas. São mais de 400 tipos fabricados lá. Menos conhecidos, mas igualmente saborosos, waffles e batatas fritas são vendidos naquelas bandas como os melhores do mundo.TINTIN E SMURFS A obra de Pieter Brueghel e o artista flamengo Peter Paul Rubens têm extrema importância para os belgas, mas foram os desenhos que fizeram mais sucesso internacionalmente. Histórias em quadrinhos do repórter Tintin e dos Smurfs, lembra? Então, está aí mais um motivo para conhecer essa encantadora terra que já foi ocupada por romanos, celtas, espanhóis, austríacos, franceses, alemães...Com razão, tantos povos quiseram conquistar esse território hoje dividido em três regiões: Valônia ao sul, Bruxelas ao centro e Flandres ao norte. Nessa última região, o passado vive nas fachadas medievais das Grand Places de suas cidades. É nessas praças que turistas e belgas apreciam as delícias locais e aproveitam minutos de boa vida. Além de Bruxelas, Bruges, Gante e Antuérpia merecem pelo menos um dia de passeio. Como muito bem explica uma amiga de lá: "Belgas? Não se ouve falar muito deles, mas gostam de boa cozinha como os franceses, de muita cerveja como os alemães e de esportes como os ingleses. E são totalmente descontraídos." E ainda tem gente se preocupando com o tamanho dos países.
Nada de resistir às guloseimas Delicados chocolates, finos biscuits, batatas fritas especiais e waffles divinos encontrados por todo canto, até mesmo em carrinhos de rua. A culinária belga pode não ter lá grande fama, mas fica impossível para o turista resistir a seus pratos, ou melhor, suas guloseimas mais tradicionais. Godiva é o nome mais imponente quando se fala nesses doces à base de cacau, mas os chocólatras de plantão devem guardar mais um nome: Wittamer, doceria cobiçada em Bruxelas. Quanto ao biscoitinho, visto e oferecido em todos os cafés, um tem gostinho especial: o fabricado na J. Dandoy. Para a sorte do visitante, ambas as lojas ficam bem pertinho da Grand Place. Próximo da praça também localiza-se o restaurante Vicent, um entre os tantos que têm como carro-chefe os tradicionais croquettes aux crevettes (croquetes de camarão) e les moules avec frites (um baldinho lotado de mariscos com molho de ervas e deliciosas batatas fritas). O segredo de elas serem tão boas? São postas numa panela com óleo quente, quando começam a ficar douradas são retiradas e colocadas em um outro recipiente com óleo fervendo. O resultado é uma casquinha supercrocante e o meio bem macio.Se quiser uma refeição leve, mais rápida e igualmente saborosa, procure um dos restaurantes da rede Le Pain Cotidien e experimente o la tartine, espécie de sanduíche aberto com recheios variados. A cerveja é um caso à parte na hora da degustação das delícias da Bélgica. São mais de 400 tipos fabricados no país, cada qual com uma coloração, sabor e história diferente. E para experimentá-las é preciso fazer como os belgas: apreciá-las com admiração (e nem sempre com muita moderação).Aprenda, então, alguns truques e dicas para não fazer feio. Primeiro vale lembrar que o teor alcoólico delas é bem mais alto que o das brasileiras (no caso, entre os 3% e 5%). As mais fracas da Bélgica têm no mínimo 4% e as mais fortes podem chegar a mais de 8,5%. Há as mais claras (blanches ou blondes) e suaves, as escuras, as chamadas gueuze (misturam cervejas novas com envelhecidas), as com sabor de fruta como cereja e pêssego.Ainda há as famosas trappistes, produzidas por monges, à moda antiga, nos últimos cinco monastérios ainda em atividade. Normalmente não vêm muito geladas para não alterar o sabor. No ranking das mais vendidas, aparecem nomes como Stella Artois, Leffe, Duvel, Jupiler e as trappistes Chimay, Westmalle e Rochefort.

Antuérpia pode levar a fama da capital da moda, mas Bruxelas não fica atrás quando o assunto é roupa com design moderno. Lá, um antigo bairro que foi revitalizado exibe hoje vitrines dos mais conceituados estilistas belgas. Na Rua Antoine Dansaert, lojas de novos nomes da moda como Jean Paul Knot e Nicolas Woit.Também há espaço para os mais conhecidos como Martin Margiela, que trabalha para Hèrmes e reforma o que não vende de jeitos bem ousados. Nem se surpreenda de ver uma saia com uma manga saindo pelos lados, por exemplo.O passeio é bem diferente e tem para todos os gostos, mas os preços são para lá de salgados. Vá mais para o finzinho da tarde. Assim, pode curtir uma cerveja e um bom jazz no L'Archiduc Café, que fica nas redondezas.Quem não se importa com os preços, mas prefere a moda mais tradicional, tem destino certo à sua espera: o Boulevard Waterloo, uma das mais elegantes avenidas da cidade. Chanel, Dior, Louis Vuitton, Rolex, Bvlgari, Giorgio Armani...

CONSUMISMOS
Se novamente bater a vontade de comprar, vá à Place du Grand Sablon. Lá, as compras serão de alto nível: antiguidades. Há uma requintada feira nos fins de semana e inúmeros antiquários à sua volta, com prata e tapeçaria.Deixe o consumismo de lado e volte sua atenção para o aspecto cultural da capital belga. Não há como deixar de visitar o Musée Royaux des Beaux-Arts, onde fica o Musée d'Art Ancien (com peças dos séculos 15 a 18) e o Musée d'Art Moderne (a partir do século 19). O primeiro guarda um dos maiores acervos de arte flamenga do mundo. Numa sala separada, quadros de Peter Brueghel e as cópias de Peter Brueghel filho, que ganhou a vida fazendo réplicas das pinturas do pai.Nesta época do ano, o céu estará azul e a temperatura, agradabilíssima. Não perca a chance de passear ao ar livre. Uma dica? O Royal Parc, entre o Palácio Real e a Casa do Parlamento. Suas tranqüilas alamedas são ótimas para curtir o calmo vaivém de seus sossegados habitantes.
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